quarta-feira, 17 de julho de 2013

Entrevista com Ir. Brígida

É com pesar que comunicamos o falecimento de Ir. Brígida, ocorrido hoje, dia 17/07/2013, em São Paulo-SP. Rezemos para que ela interceda por todos os jovens que desejam responder SIM ao Chamado de Deus.
Confira sua história vocacional que ela partilhou conosco em 2011.
 
História de uma vocação Paulina - 74 anos de fidelidade
A Ir. Brígida Barutti, hoje com 74 anos que ingressou na Congregação das Irmãs Paulinas  e  93 anos de idade, reside na Comunidade Divino Mestre, em São Paulo – SP. Ela partilhou conosco um pouco de suas lembranças da vida Paulina.

BLOG: Ir. Brígida, quando você ingressou na Congregação?
No final dos anos 30, quando a congregação das Irmãs Paulinas, estava perto de completar dez anos de presença aqui no Brasil. Foi nessa época, em 1939, que ingressei na congregação.
BLOG: Onde você nasceu e como começou esses desejo de ser irmã?
Sou natural da cidade de São Paulo, meus pais, porém, eram italianos. De uma família muito religiosa e de profundos valores cristãos. Meu desejo de ser religiosa nasceu dos encontros que participava aos domingos na casa das irmãs Salesianas.  Mas, foi em um retiro de carnaval, quando o Santíssimo ficou exposto a noite toda para adoração que eu sentiu o Senhor a me chama para ser totalmente dele. “Diante de Jesus Eucarístico, naquela noite de vigília, senti-me chamada fortemente. Nessa noite senti muito forte que Deus me chamava e me queria e fiquei várias horas ali rezando. Quando contei ao meu confessor, ele me mandou conversar com as irmãs Salesianas. Elas tomaram nota do meu nome. Então fiz entrevista com a diretora e outras irmãs e, sempre aos domingos ia no colégio conversar com elas, foi a minha pastoral vocacional”.

BLOG: Como você conheceu as Irmãs Paulinas?
Em meus pensamentos já estava decidida a ser Salesiana, porém conheci a Ir. Dolores Baldi, Paulina, que fez um outro convite que balançou meu coração. Minha amiga, Ir. Inácia havia entrado com as Irmãs Paulinas e quando ela fui visitá-la pela primeira vez, a Ir. Dolores questionou o porquê eu queria ser Salesiana. A minha resposta foi precisa: “por que eu as conheço, tenho contato com elas e gosto do que elas fazem”. Então, Ir. Dolores me convidou para ser Paulina e fez a seguinte proposta: “Vamos fazer aqui uma novena para São Paulo e você faz uma novena para São João Bosco e vamos ver quem vai ganhar!”. Eu aceitei o desafio, mas não sabia como saberia do resultado.  Assim, eu e a Ir. Dolores começamos uma novena, cada uma para um santo. Dias depois, perto de findar os nove dias, a minha professora me pediu para ir até a livraria, que era na casa das irmãs Paulinas, para comprar-lhe uns santinhos. Era uma quinta-feira, na capela, o Santíssimo ficava exposto o dia todo e, Ir. Dolores quando me viu, logo me convidou para ir rezar um pouco. Quando lá cheguei o padre, um Paulino, estava dando a benção. Ao me ver, colocou a mão sobre minha cabeça e disse: “Venha, venha logo!”. A Ir. Dolores, atenta a situação, exclamou: “Está vendo? São Paulo ganhou!”. 
BLOG: Ir. Brígida, como sua família reagiu quando você disse que iria ingressar nas Irmãs Paulinas?
Eu enfrentava ainda uma dificuldade: minha mãe não queria que eu fosse freira de nenhuma congregação, pois era a filha mais nova de nove irmãos. Mas, encontrei o apoio de meu pai e também da Ir. Dolores. Ingressei na congregação, mesmo sem o consentimento de minha mãe, que um tempo depois, quando veio me visitar pela primeira vez compreendeu e se alegrou com a minha vocação, por ver-me feliz e contente. Eu tinha 18 anos.

BLOG: Fale-nos um pouco sobre seus  primeiros anos  na Congregação:
Os primeiros tempos na congregação não eram fáceis. As irmãs eram poucas, a missão estava apenas começando e, muitas vezes, faltava até mesmo o necessário para viver. Aqui em São Paulo, a pequena livraria era numa sala dentro da casa que continha catecismo, alguns livros, folhetos, santinhos e, numa sala ao lado funcionava uma espécie de pequena tipografia, na qual elas trabalhavam manualmente na confecção de livros. Até mesmo a comida era pouca e não muito boa, como relata: “A irmã ia à feira na última hora, quando as frutas começavam a ficar mais baratas, por que eram só as sobras. Para mim, a comida foi o primeiro sacrifício, pois era muito ruim e era só aquilo que tinha. Porém, não quis desistir por causa disso e nunca disse nada aos meus pais e nem reclamei.”

BLOG: E como vocês viviam?
Vivíamos do que tinha, do que conseguiam com o próprio apostolado, na pobreza, porém num espírito de muita fé. As aulas sobre religião e mesmo as constituições que estudávamos eram todas em italiano, pois as irmãs que eram mestras: Estefanina, Dolores, Inês eram todas italianas e nem tinham muita preparação, somente a graça da vocação Paulina.

BLOG: Ir. Brígida, o que foi que te sustentou durante toda  sua caminhada?
O desejo de santidade, numa vida de fé e sacrifício, de obediência aos superiores, de confiança na Divina Providência que movia a vida Paulina nos inícios... Foram meu alicerce. Tudo o que me acontecia, quer seja de bom ou de ruim, era acolhido no Senhor, tudo era Ele quem permitia, a vontade da superiora e aquilo que lhe era pedido, era como a vontade de Deus para sua vida. Tinha a certeza de ser esse o caminho que Deus lhe indicava.   “O que sustentou minha vida foi a eucaristia. A oração. Eu sempre, na minha adoração ao Santíssimo, conversei com Jesus. Se estou sozinha, converso até alto, tenho certeza da presença Dele na minha vida. Deus nos paga bem. Ele paga bem. Tenho confiança, não me arrependo de nada que eu fiz. Tudo que eu fiz, tudo que me foi confiado, se eu não soubesse fazer, eu pedia a Deus para fazer no meu lugar. Sempre entreguei tudo a Jesus. Disse a Ele muitas vezes: ‘eu não sei fazer nada disso, fica você e sua mãe responsáveis por isso’”.
"Agradecemos ao Senhor o dom da vocação Paulina doado a Ir. Brígida. Seu testemunho vocacional, sua doação e seu amor ao Senhor e a Vida Paulina são luz e força para nós hoje que também desejamos seguir Jesus Mestre Caminho, Verdade e Vida na vida Paulina".

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