Neste
primeiro encontro, a reflexão é sobre a identidade cristã, que é revelada a
partir da fé, da esperança e do amor, virtudes que sustentam a vida pessoal e
da comunidade (1Ts 1,2-10).
1º Encontro:
SER CRISTÃO
A
palavra gratidão, no início da carta (cf. 1,2), é dirigida a Deus Pai,
propiciador de todos os bens e do qual nos provém toda a graça e salvação. Esse
agradecimento é também uma recordação de que o próprio Senhor age na história
de seu povo. Não se trata de um agradecimento da memória de um passado
distante, mas de uma memória viva e eficaz no presente da história do povo que
caminha.
Este
agir de Deus na história do seu povo é percebido por Paulo na própria
gratuidade com que Ele nos doa seus dons. De uma singularidade ímpar, Paulo
resume toda a experiência e agir do cristão
na tríade: fé, amor e esperança.
A
fé dos tessalonicenses é radicalmente alicerçada em Deus Pai por meio de Jesus
Cristo, seu único Filho e redentor nosso. Essa fé os leva a assumir um
compromisso, ou seja, acreditar no Evangelho. É importante salientar que, nessa
ocasião, ainda não existem os quatro evangelhos que temos hoje: Mateus, Marcos,
Lucas e João. Quando Paulo se refere ao Evangelho, é no sentido literal da
palavra, isto é, Boa Notícia do Cristo Jesus, o querigma, o anúncio de tudo o
que Deus fez em Jesus de Nazaré.
O
anúncio da fé em Deus Pai por meio de Cristo é plenamente realizado na experiência
do amor. Um amor que nos move a sair de nós mesmos para ir ao encontro do outro
(cf. 1Cor 13), deixando nossas vaidades e orgulho, e ajudar o irmão a carregar
seu fardo (cf. GL 6, 2-3).
Paulo
compreende que a fé e o amor produzem no cristão uma virtude essencial para a
vivência comunitária: a esperança. Longe de ter o olhar voltado para o futuro
ou se acomodar ao presente, a esperança produz a solidez e a determinação da
luta diária, do agora. Essa esperança paulina é, sem dúvida, acreditar na
ressurreição, na consolidação do senhorio de Cristo e na parusia (cf. 1Ts 4,
13-17).
A
comunidade é gerada na fé, na esperança e na caridade, pois, conforme Paulo
ressalta, tudo o que a comunidade tem é dom de Deus e provém do seu amor (1,4).
Com o coração agradecido, Paulo renderá graças a Deus Pai pela eleição da
comunidade de Tessalônica. A gratuidade de Deus e sua infinita bondade elegeram
e predestinaram aquela comunidade a ser filha no Filho, é,
se perseveram, é por sua graça. Assim foi Tessalônica, assim Deus quer que seja
com cada um de nós e com nossas comunidades.
Somente
com o conforto do Espírito Santo é que conseguimos seguir e imitar Cristo. Uma
imitação que nos pode ser compreendida como uma simples repetição, mas que é
antes de tudo o seguir Cristo dentro da
própria vocação e possibilidade. Essa experiência comunitária não ficou
restrita somente àquele lugar, mas, ao contrário, expandiu-se, “porque,
partindo de vós, a Palavra do Senhor não só ressoou na Macedônia e na Acaia,
mas a todo lugar vossa fé diante de Deus tem chegado, de modo que já não há
mais necessidade de que falemos disso” (1,8).
A
perícope é concluída com duas expressões-chave: “Deus vivo e verdadeiro” (1,9)
e “para aguardar dos céus a seu Filho” (1,10). Paulo chama à conversão, voltando-se
para Deus, fixando seu horizonte unicamente ao Deus vivo e verdadeiro, o Deus
de Jesus Cristo, e abandonando os ídolos. Também em 1Ts 1, 10 encontramos o
verbo “livrar”. Esse verbo está no presente, ou seja, nos leva a compreender
que a libertação não é um acontecimento futuro, mas presente de nossa história,
na qual o Senhor nos consola com sua justiça e misericórdia diante das
incontáveis injustiças que afligem nossa vida.
Texto
extraído do livro do SAB (Serviço de Animação Bíblica) do mês da Bíblia 2017.
Belo Horizonte: Paulinas, 2017, pp. 16-18.
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