quarta-feira, 6 de setembro de 2017

#MêsdaBíblia 1º Encontro: SER CRISTÃO

Neste primeiro encontro, a reflexão é sobre a identidade cristã, que é revelada a partir da fé, da esperança e do amor, virtudes que sustentam a vida pessoal e da comunidade (1Ts 1,2-10).

1º Encontro: SER CRISTÃO
A palavra gratidão, no início da carta (cf. 1,2), é dirigida a Deus Pai, propiciador de todos os bens e do qual nos provém toda a graça e salvação. Esse agradecimento é também uma recordação de que o próprio Senhor age na história de seu povo. Não se trata de um agradecimento da memória de um passado distante, mas de uma memória viva e eficaz no presente da história do povo que caminha. 
Este agir de Deus na história do seu povo é percebido por Paulo na própria gratuidade com que Ele nos doa seus dons. De uma singularidade ímpar, Paulo resume toda a experiência e agir do cristão na tríade: fé, amor e esperança.
A fé dos tessalonicenses é radicalmente alicerçada em Deus Pai por meio de Jesus Cristo, seu único Filho e redentor nosso. Essa fé os leva a assumir um compromisso, ou seja, acreditar no Evangelho. É importante salientar que, nessa ocasião, ainda não existem os quatro evangelhos que temos hoje: Mateus, Marcos, Lucas e João. Quando Paulo se refere ao Evangelho, é no sentido literal da palavra, isto é, Boa Notícia do Cristo Jesus, o querigma, o anúncio de tudo o que Deus fez em Jesus de Nazaré.
O anúncio da fé em Deus Pai por meio de Cristo é plenamente realizado na experiência do amor. Um amor que nos move a sair de nós mesmos para ir ao encontro do outro (cf. 1Cor 13), deixando nossas vaidades e orgulho, e ajudar o irmão a carregar seu fardo (cf. GL 6, 2-3).
Paulo compreende que a fé e o amor produzem no cristão uma virtude essencial para a vivência comunitária: a esperança. Longe de ter o olhar voltado para o futuro ou se acomodar ao presente, a esperança produz a solidez e a determinação da luta diária, do agora. Essa esperança paulina é, sem dúvida, acreditar na ressurreição, na consolidação do senhorio de Cristo e na parusia (cf. 1Ts 4, 13-17).
A comunidade é gerada na fé, na esperança e na caridade, pois, conforme Paulo ressalta, tudo o que a comunidade tem é dom de Deus e provém do seu amor (1,4). Com o coração agradecido, Paulo renderá graças a Deus Pai pela eleição da comunidade de Tessalônica. A gratuidade de Deus e sua infinita bondade elegeram e predestinaram aquela comunidade a ser filha no Filho, é, se perseveram, é por sua graça. Assim foi Tessalônica, assim Deus quer que seja com cada um de nós e com nossas comunidades.
Somente com o conforto do Espírito Santo é que conseguimos seguir e imitar Cristo. Uma imitação que nos pode ser compreendida como uma simples repetição, mas que é antes de tudo o seguir Cristo dentro da própria vocação e possibilidade. Essa experiência comunitária não ficou restrita somente àquele lugar, mas, ao contrário, expandiu-se, “porque, partindo de vós, a Palavra do Senhor não só ressoou na Macedônia e na Acaia, mas a todo lugar vossa fé diante de Deus tem chegado, de modo que já não há mais necessidade de que falemos disso” (1,8).
A perícope é concluída com duas expressões-chave: “Deus vivo e verdadeiro” (1,9) e “para aguardar dos céus a seu Filho” (1,10). Paulo chama à conversão, voltando-se para Deus, fixando seu horizonte unicamente ao Deus vivo e verdadeiro, o Deus de Jesus Cristo, e abandonando os ídolos. Também em 1Ts 1, 10 encontramos o verbo “livrar”. Esse verbo está no presente, ou seja, nos leva a compreender que a libertação não é um acontecimento futuro, mas presente de nossa história, na qual o Senhor nos consola com sua justiça e misericórdia diante das incontáveis injustiças que afligem nossa vida.


Texto extraído do livro do SAB (Serviço de Animação Bíblica) do mês da Bíblia 2017. Belo Horizonte: Paulinas, 2017, pp. 16-18. 

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