Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Com o início da Quaresma, somos convidados a
preparar-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da
oração, para a celebração da vitória do Senhor Jesus sobre o pecado e a morte.
Para inspirar, iluminar e integrar tais práticas como componentes de um caminho
pessoal e comunitário em direção à Páscoa de Cristo, a Campanha da Fraternidade
propõe aos cristãos brasileiros o horizonte das “políticas públicas”.
Muito embora aquilo que se entende por
política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja
finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições
devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam «o conjunto
das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações
alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição» (Gaudium
et spes, 74).
Cientes disso, os cristãos - inspirados pelo
lema desta Campanha da Fraternidade «Serás libertado pelo direito e pela
justiça» (Is1,27) e seguindo o exemplo do divino Mestre que “não veio para ser
servido, mas para servir” (Mt 20,28) - devem buscar uma participação mais
ativa na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a
construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na justiça. De fato,
como lembra o Documento de Aparecida, «são os leigos de nosso continente,
conscientes de sua chamada à santidade em virtude de sua vocação batismal, os
que têm de atuar à maneira de um fermento na massa para construir uma cidade
temporal que esteja de acordo com o projeto de Deus» (n. 505).
De modo especial, àqueles que se dedicam
formalmente à política - à que os Pontífices, a partir de Pio XII, se referiram
como uma «nobre forma de caridade» (cf. Papa Francisco, Mensagem
ao Congresso organizado pela CAL-CELAM, 1/XII/2017) – requer-se que vivam
«com paixão o seu serviço aos povos, vibrando com as fibras íntimas do
seu etos e da sua cultura, solidários com os seus sofrimentos e
esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados,
que não se deixando intimidar pelos grandes poderes financeiros e mediáticos,
sendo competentes e pacientes face a problemas complexos, sendo abertos a ouvir
e a aprender no diálogo democrático, conjugando a busca da justiça com a
misericórdia e a reconciliação» (ibid.).
Refletindo e rezando as políticas públicas com
a graça do Espírito Santo, faço votos, queridos irmãos e irmãs, que o caminho
quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da Fraternidade, ajude
todos os cristãos a terem os olhos e o coração abertos para que possam ver nos
irmãos mais necessitados a “carne de Cristo” que espera «ser reconhecido,
tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Bula Misericordiae
vultus, 15). Assim a força renovadora e transformadora da Ressurreição
poderá alcançar a todos fazendo do Brasil uma nação mais fraterna e justa. E
para lhes confirmar nesses propósitos, confiados na intercessão de Nossa
Senhora Aparecida, de coração envio a todos e cada um a Bênção Apostólica,
pedindo que nunca deixem de rezar por mim.
Vaticano, 11 de fevereiro de 2019.
Fonte: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2019/documents/papa-francesco_20190211_messaggio-fraternita.html
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