Percursos
de vocação e missão
O
discernimento vocacional não se completa com um único ato, não obstante na
narração de cada vocação seja possível identificar momentos ou encontros
decisivos. Como todas as realidades importantes da vida, também o discernimento
vocacional é um processo longo, que se desenvolve ao longo do tempo, durante o
qual é preciso continuar a velar sobre as indicações com as quais o Senhor
determina e especifica uma vocação, que é primorosamente pessoal e irrepetível.
O Senhor pediu a Abraão e Sara que partissem, mas foi somente num caminho
progressivo e não sem passos falsos que se esclareceu qual era a inicialmente
misteriosa “terra que Eu te mostrarei” (Gn 12, 1). A própria Maria
progride na consciência da sua própria vocação através da meditação sobre as
palavras que ouve e os eventos que lhe acontecem, inclusive aqueles que Ela não
compreende (cf. Lc 2, 50-51).
O tempo é fundamental para verificar a orientação
efetiva da decisão tomada. Como ensina cada página do texto bíblico, não existe
vocação que não seja ordenada para uma missão acolhida com temor ou com
entusiasmo.
Aceitar a missão implica a
disponibilidade de arriscar a própria vida e percorrer o caminho da cruz, nos
passos de Jesus que, com determinação, se pôs a caminho rumo a Jerusalém (cf. Lc
9, 51) para entregar a própria vida pela humanidade. Só se a pessoa renunciar a
ocupar o centro da cena com as suas próprias necessidades é que se abrirá o
espaço para receber o projeto de Deus sobre a vida familiar, o ministério
ordenado ou a vida consagrada, assim como para desempenhar com rigor a própria
profissão e buscar sinceramente o bem comum.
Em particular nos lugares onde a
cultura é mais profundamente marcada pelo individualismo, é necessário
averiguar quanto as escolhas são ditadas pela própria autorrealização
narcisista e, ao contrário, em que medida elas abrangem a disponibilidade a
viver a existência pessoal na lógica do dom generoso de si mesmo. É por isso
que o contato com a pobreza, a vulnerabilidade e a carência revestem uma grande
importância nos percursos de discernimento vocacional. No que se refere aos
futuros pastores, é oportuno acima de tudo avaliar e promover o crescimento da
disponibilidade a deixar-se impregnar pelo “cheiro de ovelhas”.
Ir. Mery Elizabeth de Sousa, fsp
Ir. Mery Elizabeth de Sousa, fsp
Fonte:
DOCUMENTO PREPARATÓRIO - SÍNODO DOS BISPOS 2018 - XV ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
- Os jovens, a fé e o discernimento vocacional.
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