O tema da terra é importante para nós, justamente nesse tempo no qual comemoramos os 200 anos da independência do Brasil, e também nessa realidade pós-pandêmica, se já podemos dizer assim, na qual muitos irmãos perderam suas casas, suas terras, por falta de condições de continuar pagando aluguel; por falta de políticas econômicas que ajudassem os pequenos produtores; pela morte daqueles que sustentavam a família com seu trabalho ou com sua aposentadoria e por tantos fatores que foram agravados pela pandemia. Essa temática nos remete à encíclica Laudato Si’, quando o Papa Francisco nos recorda: “hoje crentes e não crentes estão de acordo que a terra é, essencialmente, uma herança comum cujos frutos devem beneficiar a todos”.[1] Essa visão é complementada pela Carta Encíclica Fratelli tutti, ao afirmar: “nos primeiros séculos da fé cristã, vários sábios desenvolveram um sentido universal em sua reflexão sobre o destino comum dos bens criados.
Isso levou a pensar que, se alguém não tem o necessário para viver com dignidade, é porque outrem está se apropriando do que lhe é devido”.[2] O papa também recorda o que escrevia João Paulo II: “Deus deu a terra a todo o gênero humano, para que ela sustente todos os seus membros, sem excluir nem privilegiar ninguém”.[3] Talvez uma forma de aprofundar esse livro é a de refletir sobre a problemática da terra, um tema tão forte em nosso país. Por outro lado, o estudo desse livro nos recorda que é fácil acusar Deus por nossos problemas, nossos fracassos, o desafio é o de viver em “contínua conversão” e recomeçar, após a tomada de consciência de nossas infidelidades.
Irmã Zuleica Silvano, fsp
Referências:
[1] FRANCISCO, Papa. Carta encíclica Laudato Si’: sobre o cuidado da Casa Comum. São Paulo: Paulinas, 2015. n. 93.
[2] FRANCISCO, Carta encíclica Fratelli tutti: sobre a fraternidade e a amizade social. São Paulo: Paulinas, 2020. n. 119.
[3] SÃO JOÃO PAULO II, Papa. Carta encíclica Centesimus Annus: no centenário da Rerum Novarum. 7.ed. São Paulo: Paulinas 2008. n. 31. (Voz do Papa, 126); e FRANCISCO, Carta encíclica Fratelli tutti, n. 120.
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