segunda-feira, 11 de maio de 2020

A verdadeira devoção a Maria

Nos últimos tempos fala-se muito do cultivo da espiritualidade à “verdadeira devoção”, que em última instância consiste em buscar conhecer, amar e imitar Maria, mãe de Jesus. Mas será que realmente conhecemos Maria? De onde nos vem informações sobre a vida desta mulher?
São muitas as pessoas que falaram e falam de Maria, das mais distintas formas: seja através de pinturas, escritos, músicas... que a enaltecem ou não. Mas acredita-se que a fonte mais segura que traz para nós informações de quem realmente foi a mãe de Jesus é a Bíblia. São nos evangelhos, sobretudo em Lucas, que encontramos características de Maria, e o modo como ela respondeu ao chamado de Deus em sua vida, aceitando ser a mãe de Jesus. 
O mais interessante perceber é que o SIM de Maria não foi só no dia da Anunciação, mas foi renovado todos os dias de sua vida, isso observamos em sua participação na missão do seu filho.
Então, podemos nos perguntar?
 - Como posso cultivar a verdadeira devoção a Maria, tendo consciência que no centro de minha vida está Jesus?
A resposta para esta pergunta está nos parágrafos anteriores, ou seja, preciso conhecer Maria, como nos apresenta os Evangelhos. Se formos contemplar as atitudes de Maria nas passagens bíblicas, com o olhar da fé, perceberemos que “Jesus vive integralmente em Maria” . A palavra integral significa inteiro, total e no sentido da espiritualidade paulina, Pe. Tiago Alberione usa essa expressão no aspecto antropológico que abrange as três principais dimensões do ser humano (mente, vontade e coração). 
Maria, a mulher que medita a Palavra do Senhor
Neste sentido, vamos conhecendo o modo que Jesus vive na mente de Maria, a partir dos pensamentos que ela cultivava em sua vida. Podemos observar que o evangelista Lucas “afirma duas vezes que a mãe meditava em seu coração tudo o que se referia ao Filho” (cf. Lc 2, 19.51) . É interessante perceber que Maria medita não só na mente, mas no coração, isso nos faz entender que é uma meditação tão profunda que toca o seu sentimento, ou seja, uma meditação cheia de amor. Maria deixa-se fecundar antes de tudo, pela Palavra, ao acolher, refletir e buscar entender a vontade do Senhor para sua vida. 
Sabemos o quanto é difícil meditar ou refletir sobre algo quando estamos agitados pelo barulho e preocupações do dia a dia. A primeira atitude que Maria vem nos ensinar é ser discípula. Agimos como discípulos de Jesus quando deixamos que o Espírito de Deus habite em nossa mente, nos recolhendo no silêncio e na oração para meditar a Palavra do Senhor que pode ser dirigida a nós através da Bíblia, dos acontecimentos ou das atitudes das pessoas.
Maria, a discípula que se torna mestra em fazer a vontade do Senhor 

Jesus vive também nos desejos de sua mãe, ao tomar posse de sua vontade . 
Depois de meditar o que está acontecendo em sua vida, Maria de Nazaré busca entender o que Deus deseja que ela faça, e é neste processo de liberdade interior, que a jovem deixa seus projetos pessoais em segundo plano, e encontra sua plena liberdade naquilo que é a vontade do Senhor, ao responder como serva, o “Faça-se” (Lc 1,38). E em outro momento de sua vida, ela como Mestra, ensina que encontramos a solução para as dificuldades, obedecendo a palavra do seu Filho (Jo 2,5).
Muitas vezes, em nossas orações, é fácil dizer ao Senhor que desejamos fazer a vontade dele, mas quando aparece a ocasião de fazermos a vontade dele, resistimos. Quem nunca viveu isso? 
Vemos que obediência de Maria aos desejos do Mestre a transforma em ‘rainha-mãe’ no banquete de casamento, porque ela “rege” a casa interior que cada um de nós é, estabelecendo-a solidamente sobre a rocha da Palavra ouvida (cf. Mt, 7, 24). Portanto, com justiça a invocamos como Rainha , porque ela é a mãe do grande Rei: Jesus Cristo.
Maria a nossa mãe e rainha

 O ápice da cristificação de Maria acontece em sua afetividade, porque os laços de sangue da mãe para  filho cedem lugar  a uma nova lógica, que é a do amor, construída pela escuta e prática da palavra (Mt 10, 37. Mc 3,35). 
Deste modo, basta observarmos como Maria foi amadurecendo a sua resposta de amor ao Senhor, ao “ficar junto a cruz de seu filho” (cf. Jo 19, 25) acolhendo seu último pedido (ordem) que seria se tornar, a partir de agora, a mãe de muitos filhos, representados ali pelo discípulo João. 
Portanto, viveremos uma verdadeira devoção a Maria contemplando suas atitudes nos evangelhos, aprendendo o seu jeito de amar e atualizando os seus ensinamentos para os dias de hoje, no cotidiano da nossa vida; será assim que comunicaremos Jesus ao mundo, como fez sua mãe.  

Bibliografia:
FORLAI, Giuseppe. Mãe dos apóstolos: viver Maria para anunciar Cristo. São Paulo: Paulus, Paulinas, 2015

Texto: Irmã Fabíola Medeiros, fsp