quarta-feira, 24 de março de 2010

Um dia o Senhor me chamou


Dom Jaime Pedro Kohl é religioso, da Congregação dos Pobres Servos, nasceu no dia 12/12/1954 em Linha Carolina, RS. Foi ordenado padre no dia 02/09/1984 e sua ordenação episcopal, 04/02/2007 em Poço das Antas-RS. O seu lema episcopal é "Fiat Voluntas Tua" - Seja feita a tua vontade. Dom Jaime atualmente é bispo da Diocese de Osório, no RS e nos fala sobre a sua vocação e missão.



1. Como surgiu a sua vocação?
Sou o primeiro filho homem de um grupo de sete irmãos que fomos chegando num intervalo máximo de dois anos, menos a Claudia, a nenê, que veio a dez anos da Ermida. Sendo o primeiro filho homem crescido na roça, logo me obriguei a assumir responsabilidades não indiferentes, como ir ao moinho, ao armazém, encarar trabalhos mais complicados quando o pai saia, como lidar com os bois e outras tantas tarefas. Filho de família simples e pobre, mas que goza de estima da comunidade, aos 7 anos comecei o serviço de coroinha, inclusive acompanhando o padre nas comunidades vizinhas, não sei por que. Talvez, porque levava jeito. É difícil dizer o momento preciso no qual o Senhor me chamou. Mas algo está impresso em mim como se fosse hoje. Devia ter lá meus doze para treze anos. Num dia muito frio, pela meia tarde, estava com minha mãe cortando pasto para o gado. Ela saiu com essa pergunta: filho o que tu pensas ser na vida? Que tal ir para o seminário? Se você gosta fica e vai estudando, caso contrário tu volta para casa. Eu não dei resposta, mas naquele dia dentro de mim admiti a possibilidade de seguir o caminho do sacerdócio. 2. Como conheceu a congregação dos Pobres Servos?Com essa pulga atrás da orelha comecei a prestar atenção nas possibilidades que iam aparecendo. Passaram pela comunidade vários animadores vocacionais, mas o que mais me cativou foi um padre Pobre Servo, Pe. Antônio, e ajudou o fato de um meu vizinho muito piedoso estar no seminário a mais tempo. Embora fosse seminarista exemplar acabou saindo e eu fiquei.

3. Conte uma experiência significativa no seu discernimento vocacional?

Para mim o discernimento vocacional acontece no dia a dia do processo formativo. Foram muitos os momentos fortes de alegria e consolo espiritual nos sete anos de seminário menor. O clima era bom. Estudávamos e rezávamos bastante. Tínhamos bons momentos de lazer, especialmente jogo de futebol. Tinha-se formado em mim a idéia da consagração religiosa, sentia que isso era para mim. Mas chegando no fim do Ensino Médio precisava decidir: seguir em frente nos Pobres Servos da Divina Providência, ir para outra congregação ou diocese, ou então voltar para casa e seguir como leigo. Veio o retiro anual que foi muito bom e providencial. Me ajudou a discernir e decidir com serenidade e me deu muita consolação. Não que não tenham aparecido mais duvidas, porém a partir dali todo meu esforço foi buscar ser fiel ao Sim dado.

4. Para o senhor, o que significa ser pastor da diocese de Osório?

Eu me sinto sempre um Pobre Servo ou seja alguém que está aqui para servir o povo de Deus que me foi confiado. Embora a responsabilidade que implica esse ministério, confesso que não me sinto nem mais e nem maior que ninguém. Gosto dos nossos padres. Gosto de encontrar o povo nos vários momentos celebrativos das comunidades e conferir o sacramento da confirmação aos nossos jovens. Diria que significa ajudar os irmãos e irmãs da diocese a viverem sua vocação e missão. É um trabalhar e construir juntos - sacerdotes, religiosos e leigos - a nossa Igreja particular.

5. O que você diria para os jovens de hoje?

Que sejam sinceros na busca do sentido da sua vida. Que não se deixem enganar pela mentalidade consumista e hedonista do mundo. Que não vendam a sua dignidade por nada, que zelem pela verdadeira liberdade. Que não entrem no caminho alienante da droga, do álcool, do fumo, do sexo sem responsabilidade, do dinheiro fácil, etc.
Lembrem que um só é o caminho da vida e da felicidade: o amor gratuito e responsável, da vida gasta no serviço a Deus e aos irmãos com o único objetivo de fazer o bem. Se alguém sentir a voz de Deus convidando para entrega total e para sempre numa das formas de vida consagrada, não tenham medo, é bonito, vale a pena.

Fotos de Dom Jaime, por ocasião de sua visita à Moçambique, julho de 2007.







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